Quem é linDa?
tRajetória
Política.
Juventude e formação acadêmica
Nascida em Santa Rosa de Lima, na região sergipana do Cotinguiba, filha de Maria Carmen Azevedo Santos e Apolinário José dos Santos, Linda Brasil se mudou para Aracaju e logo iniciou trabalho em uma empresa de contabilidade. Por receio de como seria aceita a sua condição de gênero, sua transexualidade só foi externada aos 30 anos de idade quando saiu do emprego que tinha e iniciou um salão de beleza.
Em 2013, Linda Brasil começou o curso de Letras Português-Francês na UFS e desde o princípio da graduação sofreu transfobia por conta de um professor que não respeitou o seu nome social e insistia em utilizar o seu nome de registro. Isso fez com que ela entrasse com um processo administrativo para que seu nome social fosse respeitado. A ação culminou na Portaria nº 2209 da UFS que possibilita o uso do nome social no âmbito acadêmico e administrativo dentro da instituição. Este fato fez com que ela tivesse maior visibilidade e se aproximasse do movimento estudantil e LGBTQI+ organizado. Ela foi uma das responsáveis pelo Coletivo Queer Transfeminista (Des)montadxs para discutir questões de gênero e sexualidade dentro da UFS e em todo o Estado. Além disso, foi a primeira mulher trans a se formar pela instituição. Posteriormente, Linda obteve também pela UFS o título de Mestra em Educação.
Em 2015, juntamente com outras pessoas trans e apoiadores, Linda Brasil criou o projeto EducaTrans através da Amosertrans (Associação do Movimento Sergipano de Travestis e Transexuais). EducaTrans foi um curso preparatório para o ENEM voltado especialmente para pessoas trans cujo principal objetivo era ampliar a inserção de pessoas trans no ambiente universitário. Essa atitude, consequentemente, poderia colocar esta população para disputar um local no mercado de trabalho tirando da realidade da prostituição compulsória.
CasamOr
Em 2017, Linda idealizou e fundou a ONG CasAmor, inspirada em iniciativa de casas de acolhimento pelo país como a Casa 1, em São Paulo, e a Casa Nem, no Rio de Janeiro. Sua inauguração ocorreu em 29 janeiro de 2018, no Dia Nacional da Visibilidade Trans, e marcou a abertura dos trabalhos da IV Semana da Visibilidade Trans. O objetivo da CasAmor é acolher e dar apoio as pessoas da comunidade LGBTQIA+ por meio de trabalhos voluntários realizados por diversos profissionais como psicólogos, arquitetos, designers, engenheiros, professores e jornalistas, entre outros. O projeto visa ainda além de acolher e hospedar provisoriamente as pessoas que não possuem apoio familiar por causa da orientação sexual ou identidade de gênero; proporcionar cursos e oficinas visando a inserção no mercado de trabalho.
Em meio a pandemia de COVID-19, enquanto Linda Brasil era uma das diretoras, a CasAmor esteve ao lado dos LGBTQIA+ que se encontravam em situação de vulnerabilidade social ampliando a entrega de cestas básicas e materiais de limpeza e higiene pessoal.
A CasAmor passou a ser chamada CasAmor Neide Silva, em homenagem a "Tia Neide", uma amiga e integrante da assessoria de Linda, dedicada voluntária da ONG, que veio a falecer em março de 2021, em decorrência da COVID-19.
Carreira política
Em 2016, Linda Brasil disputou a sua primeira eleição como candidata à vereadora em Aracaju e foi a 26ª candidata mais votada com 2.308 votos (0,83% do total dos votos válidos), sendo a candidata mais votada do PSOL à Câmara Municipal de Aracaju. Apesar de a cidade de Aracaju ter 24 vagas à vereança, Linda não ficou como suplente por conta do sistema de legendas da legislação eleitoral brasileira. Uma marca desta campanha foi a transfobia institucional vigente que fez com que Linda fosse registrada com o gênero masculino.
Em 2018, Linda concorreu à vaga de deputada estadual e foi a 38ª candidata mais votada em Sergipe com 10.107 votos, representando 0,93% do total de votos para a Assembleia Legislativa de Sergipe (ALESE), sendo a candidata mais votada do PSOL à ALESE. Desses votos, 6.555 foram apenas na capital sergipana e ela chegou a ser votada em todos os municípios sergipanos. Por conta de uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral acerca das eleições de 2018, nesta candidatura, Linda Brasil pôde disputar a vaga dentro do gênero condizente com ela.
Diante dos expressivos resultados nas eleições anteriores e a modificações da legislação eleitoral no tocante a legenda eleitoral, em 2020 foi pré-candidata pelo PSOL para a Câmara dos Vereadores com o slogan "Coragem para Transformar" e foi eleita como a primeira mulher trans vereadora de Aracaju, sendo a mais bem votada da capital sergipana, com 5.773 votos, fato que lhe garantiu o direito de presidir a primeira sessão plenária do Legislativo.
Na mandata da vereadora estão entre as principais pautas a defesa dos direitos humanos, das pessoas LGBTQIA+, a diminuição das injustiças sociais, proteção das minorias, o combate ao machismo e sexismo, racismo e a defesa da democracia.
Em 2022 disputou uma cadeira na ALESE, logrando êxito, sendo a primeira mulher trans eleita deputada estadual de Sergipe com 28.704 votos.
tRajetória
dE Orgulho.
Linda Brasil Azevedo Santos (Santa Rosa de Lima, 14 de abril de 1973) é uma educadora, política e ativista transfeminista pelos direitos humanos e da comunidade LGBTQIA+ de Sergipe, fundadora da associação Amosertrans e da casa de acolhimento CasAmor Neide Silva.
Nas eleições de 2020, filiada ao PSOL, foi eleita a primeira mulher trans para um cargo público parlamentar em Aracaju. Em 2022 obteve êxito na disputa eleitoral por uma cadeira na Assembleia Legislativa de Sergipe, sendo eleita a primeira mulher trans da história sergipana a ocupar um cargo de deputada estadual.