A deputada estadual Linda Brasil (Psol), líder da oposição, não poupou críticas ao processo de venda da Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso), concluído no último dia 4 de setembro, em leilão, que aconteceu na Bolsa de Valores B3, em São Paulo. Além de todas problemáticas referentes à entrega da empresa pública à iniciativa privada, a parlamentar expôs uma situação que considera grave: o histórico de prestação de serviço a Iguá Saneamento – empresa controlada pelo capital internacional – que é classificada, pela plataforma ‘Reclame Aqui”, como ‘não recomendada’, com uma avalanche de reclamações, a exemplo de “cobrança abusiva e cortes indevidos de fornecimento”.
De acordo com a deputada, a Iguá não tem um histórico que inspire confiança. “É só olhar nessa plataforma importante de denúncia e avaliação de consumidores. Somente nas últimas semanas, os clientes reclamaram de coisas, como cobrança de esgoto que não existe e corte de água sem motivo. O que vemos é que o nosso bem mais precioso, a nossa água, foi entregue passando por cima do povo”, denunciou Linda.
Em seu discurso na Assembleia Legislativa e em postagens nas redes sociais, Linda destaca que, segundo denúncias, em Alagoas, a Iguá Saneamento aumentou as tarifas de água de R$75 para R$120 pelo mesmo consumo de água. A Deso um patrimônio público histórico e necessário ao povo sergipano foi vendida à Iguá por R$4,5 bilhões. “E vimos o quanto que a Companhia é lucrativa. Não foi à toa que a venda foi superavitária. O governo vendeu o bem público por 122% a mais que o valor pedido pela empresa que era de R$2 bilhões, ou seja, a empresa foi vendida por R$4,5 bilhões, o que deixa claro que se trata de uma Companhia lucrativa e que vale mais que o dobro da estimativa dada pelo governo do estado. Qual empresa compraria um serviço por mais que o dobro do valor pedido se essa empresa não fosse lucrativa?”, questionou.
A deputada também provocou os órgãos fiscalizadores. “Onde estavam o Supremo Tribunal Federal, o Tribunal de Justiça de Sergipe e o Ministério Público? O Sindisan, que alertou para todos os problemas e tentou impedir essa vergonha, foi ignorado. A resposta dos órgãos de controle foi um silêncio ensurdecedor. Peço a população que não se engane com os discursos bonitos e promessas vazias, a verdade é que o povo sergipano vai sentir essa privatização na pele, no bolso e na saúde”, afirmou a deputada.
Venda para o capital internacional
Para a deputada, a venda da Deso ao capital internacional é uma “verdadeira tragédia”. A empresa Iguá Saneamento é controlada pelo capital internacional, majoritariamente do Canadá. A Deso deixa de ser o povo de Sergipe e passa a ser dos fundos de investimento em participações (FIPs), sendo o principal deles o FIP Mayim, que reúne recursos da AIMCo (Alberta Investment Management Corporation), uma gestora de investimentos canadense.
Ainda são donos da Deso os fundos FIP Iguá e o CPP Investments, também do Canadá. Vale registrar, porém, que o CPP Investments gerencia tanto o FIP Mayim quanto o FIP Iguá, ou seja, eles detém sozinhos 91,4% da Iguá Saneamento. “Agora nos cabe fiscalizar o que o governo fará com todo esse dinheiro, já que a saúde no estado é precária, a educação é precária. A gente tem que cobrar que o governo invista em justiça social e quando a gente fala de justiça social não é só o debate aqui não, é cobrar ações concretas de transformação social da vida do povo sergipano. Precisamos lutar contra esse projeto de fome e de miséria do governo do estado. O que temos em Sergipe é a política do pão e circo, de dar o básico para as pessoas sobreviverem. Eu vou cobrar e vou fiscalizar onde todo esse montante será investido, pois não podemos aceitar que seja para distribuição de dinheiro nessas eleições”, afirmou a deputada.
Foto: Ascom
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