A sessão plenária desta terça-feira, 17, foi marcada por uma forte e emocionante fala da deputada estadual Linda Brasil (Psol), líder da oposição na Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese), em defesa da vida das pessoas vítimas das operações policiais em Sergipe. De acordo com informações do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, a polícia de Sergipe é a 3ª mais letal do país. Só em 2023, 229 pessoas foram mortas pelas polícias no estado. E a cidade de Itabaiana está em 5° lugar em municípios que a polícia mais matou no Brasil.
A deputada Linda Brasil comentou que recebeu a visita de Alexandro Assis, irmão de Ayslan Assis, morto pela polícia Civil, no município de Itabaiana, no último dia 4 de setembro. De acordo com a deputada, “estamos diante de mais um caso em que a polícia mata um jovem sem nem perguntar o seu nome, sem garantir o direito à defesa, sem garantir o direito à presunção de inocência, sem qualquer processo instaurado, sem nenhuma justificativa. Mataram o filho mais novo de uma mãe que está desesperada e clamando por justiça”, afirmou emocionada.
Na sessão legislativa, Linda apresentou um vídeo no qual Alexandro Assis pedia providências à Secretaria de Segurança Pública (SSP) e falava sobre a situação da família dele nesse momento de extrema dor. “Meu irmão não tinha antecedentes criminais, temos uma mãe que criou três filhos com muita dedicação para que fôssemos trabalhadores, pessoas de bem. Meu irmão foi morto em frente ao seu trabalho e nós queremos que isso seja apurado, para que nenhuma família perca mais os seus para a violência gratuita da polícia que era quem deveria cuidar”, cobrou o irmão da vítima.
Linda cobrou uma investigação séria e respostas dos órgãos competentes. “São policiais que se acham justiceiros, que não respeitam nem a sua corporação. O que aconteceu com o jovem Ayslan foi uma execução sumária, brutal, sem direito a nada e é isso que acontece com a nossa juventude periférica e isso é muito absurdo! Não podemos e nem devemos silenciar”, reforçou a parlamentar.
Entenda o caso
No último dia 4 de setembro, dois policiais civis abordaram Ayslan Assis na porta do seu trabalho e dispararam dois tiros no jovem. Não havia processo instaurado contra Ayslan, ele não tinha antecedentes criminais. O delegado responsável pela operação policial, Fábio Alan Pimentel, deu entrevistas e apresentou versões diferentes sobre o caso. Primeiro, foi noticiado que Ayslan respondia criminalmente por tráfico de drogas e latrocínio, depois que o jovem era acusado de latrocínio em Campo do Brito, mas nenhuma das duas acusações se confirmou, pois o jovem não tinha passagem pela polícia.
Linda Brasil denunciou ainda que o delegado responsável pelo caso afirmou que “havia ‘uma ou duas denúncias no disk denúncia’ contra o jovem e que ele seria um informante do tráfico. Depois, o delegado se contradisse afirmando que houve confronto com a polícia, o que foi desmentido pelos populares que afirmaram terem ouvido apenas os dois disparos que mataram sumariamente o rapaz. Eu não vou parar de cobrar ao governo de Sergipe que responda por esses crimes, pois o estado que deveria proteger, está matando a nossa juventude e isso não pode ficar assim. Uma mãe perdeu o seu filho caçula e está clamando por justiça, nós nos somamos a essa mãe e cobramos que esses policiais que não honram as suas corporações paguem pelo que estão fazendo”, concluiu a deputada.
Foto: Ascom
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